Sunday, August 10, 2008

Minha grande ternura

Minha grande ternura pelo tempo que afasta os grandes amigos
por não saber como é funesto seu ofício.
Minha grande ternura pelas amizades que duram pouco e poderiam se alongar.
Pelos amigos que, com os anos, vão se arrepender de não ter se estreitado.
Minha grande ternura pelos apelidos carinhosos que se perdem.
Minha grande ternura pelos sobrenomes,
pela burocracia de encontros posteriores,
pelo nunca-mais-ver.
Minha grande ternura por não poder dizer isso a você,
só porque acredito que sua vida está bem melhor sem mim.
Por você não poder ver como estou cada vez mais ao seu modo:
nas músicas,
nos filmes,
na comida.
Minha grande ternura por não ver minhas lágrimas agora.
(e lembrar de como sempre fui chorona)

A crise passou, mas vou deixar aqui porque tem muito tempo que não escrevo algo assim relativamente bom.

2 comments:

Tyr Quentalë said...

Deixa a saudade tomar conta das lembranças daqueles que afastara com o tempo, culpando-o, chamando-o de funesto, quando este é apenas moldável de acordo com nossas palavras e nossos atos.
Deixa teus pensamentos remoerem, pensando nas amizades que não perduraram, culpando os demais por eles não terem se estreitado.
Deixa a angústia a consumir, por apelidos, sobrenomes que se perderam, pois não quiseste se esforçar em lembrá-los.
Deixa as lágrimas rolarem em tua face, por achar o que achara, quando muito podia acontecer ao contrário se pensasse de modo diferente.
Deixe de pensar que sua vida torna-se de outro, por ter-se moldado da forma que o outro vê a vida ou que a leva, com músicas, textos filmes e comidas.
Mas principalmente.. Deixe...
As lágrimas são necessárias.
As lembranças..
O amor...
os apelidos..
os amigos..
Os abraços de asas que se fecham ao teu redor, vendo toda a angústia contida em uma crise que já passou.
Asas que abraçam, no silêncio do dia..
No calar da Noite...
Asas que sentem todo o pesar destas palavras e que em palavras sussurradas sopram-nas cálidas...
- Não estás sós. Há sempre um Anjo zelando por você. Seja ele rigoroso e cruel com suas palavras... Seja ele apenas uma alma presente a observar.

Anonymous said...

everybody hurts i guess..
obrigado pelo texto, muitas verdades que nunca são esquecidas, apenas amenizadas